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A origem do cor-de-rosa: muito além da Barbie

Rosa Pink. Magenta. Rosa pastel, fúcsia ou choque.

Não importa qual o tom, o cor-de-rosa é uma das cores mais famosas e queridas no mundo. Uma cor que atravessou a História carregando diversos códigos, ideologias e culturas. Na Moda e na Joalheria, obviamente não seria diferente – o rosa que já serviu para dividir gêneros, também ganhou papel importante entre certos estilistas. Uma cor que já foi motivo de vergonha, mas também parte de estratégias importantes de marketing.

Mais uma vez, o cor-de-rosa está em alta. Mas você sabe o que existe por trás da cor da Barbie?

 

A origem do rosa

Para falar sobre a cor rosa, é necessário voltar alguns passos na História, quando a cor ainda não existia. Mas como pode uma cor não existir?

A realidade é que o cor-de-rosa não era visto como uma cor, mas sim como uma variação do vermelho, uma tonalidade esmaecida derivada da matriz vibrante. Essa percepção se devia ao fato da cor rosa não ser encontrada com tanta facilidade na natureza, e por isso, ser produzida sempre a partir do vermelho. Durante o período medieval, os europeus tomaram conhecimento de uma planta que produzia uma resina de cor vibrante, algo que eles nunca haviam visto antes, um vermelho especial. A planta originária da Ásia era conhecida como Biancaea sappan, e recebia nomes populares como “brecilis” e “brezil”; a mesma planta que foi encontrada pelos portugueses no século XVI e deu origem ao nome do país onde foi encontrada, o Brasil.

Com essa descoberta, a madeira começou a ser negociada em abundância, o que foi muito importante para o desenvolvimento da “nova cor” que chegava ao mercado. O cor-de-rosa começou a ser visto como uma cor rara e muito desejada, chegando ao seu ápice no século XVIII, com o desenvolvimento da Realeza Francesa e do estilo Rococó. A corte francesa pregava um estilo de vida repleto de frivolidade e o cor-de-rosa, por ser uma novidade no mercado e uma cor que não estava diretamente ligada à natureza, virou símbolo dessa vida luxuosa e cheia de modismos da nobreza.

Porém nem só de luxo viveram as fantasias cor-de-rosa. No século XIX, após a Revolução Industrial, as cores começaram a ser desenvolvidas de forma química, e o rosa, por ser uma cor dificilmente encontrada na natureza, foi uma das primeiras a ser recriada dessa forma. Neste momento, a cor rosa perde a fama de cor “exótica” para se tornar uma cor acessível e massificada, símbolo da classe trabalhadora, e por isso, vista como cafona. A partir daí o cor-de-rosa começaria a ganhar cada vez mais conotações políticas e sociais. 

A origem do cor-de-rosa: muito além da Barbie

Cor-de-rosa, política e sociedade

Cor de menina, de homossexuais, de crianças. Ao se tornar uma cor “comum”, todo o desejo em torno do cor-de-rosa rapidamente se tornou desprezo, e a partir daí, a cor foi ganhando diversos rótulos, em sua maioria com conotações negativas.

Foi na Alemanha nazista, por exemplo, que o rosa começou a ser associado negativamente à comunidade LGBT. Isso porque para identificar homossexuais nos campos de concentração, seus uniformes eram marcados com triângulos cor-de-rosa. É importante notar, no entanto, que hoje essa relação é vista de uma forma positiva, e isso só foi possível graças às campanhas contra a AIDS nos anos 80, que utilizaram o mesmo símbolo do triângulo para representar a força e resistência da comunidade, ressignificando o cor-de-rosa.

Durante os anos 50, a cor também se tornou importante para a comunidade negra nos EUA, sendo utilizada como um símbolo de independência e resistência negra, mostrando que eles não se vestiriam iguais às pessoas brancas. A escolha da cor foi uma resposta à moda ditada pelas cortes europeia, que optava pelo uso cores pasteis, que combinavam melhor com o tom de pele claro, e relacionava as cores mais fortes e saturadas com algo ruim, inferior.

Já a definição do rosa como uma cor “de menina” surgiu de uma escolha publicitária, também durante os anos 50. Neste período, o mercado publicitário sentia cada vez mais a necessidade de segmentar públicos para vender mais, e por isso, aliado a necessidade do mercado em criar padrões de manufatura, decidiram definir cores para dividir gêneros. Vale ressaltar que a divisão binária infantil existe desde o século XIX, quando começaram a questionar se meninos se sentiriam iguais às suas mães se não houvesse uma divisão clara entre eles. Neste momento, as roupas infantis femininas ganharam ornamentos e as masculinas se tornaram mais sóbrias, com temas que remetessem ao “universo masculino”, como esportes, animais, etc. Ainda assim, neste período o rosa era associado aos meninos, por ser uma cor forte e vibrante, semelhante ao vermelho, e o azul era relacionado às meninas, por ser uma cor calma e delicada. Foi apenas nos anos 50 que o cor-de-rosa se tornou oficialmente uma “cor de menina”, mesmo período em que nasceu a boneca Barbie.

 

A cor queridinha da Moda

Fale bem ou fale mal, o rosa teve sua importância histórica e estética no mundo. Talvez por isso a cor seja tão querida entre os estilistas e outros profissionais da Moda. É o caso, por exemplo, de Elsa Schiaparelli, designer italiana do século XX que, em 1931, criou seu próprio tom de rosa, o rosa choque. Elsa estava alinhada com o movimento surrealista, e para divulgar o novo tom, a designer lançou o perfume Shocking, com um frasco em forma de um torso de mulher, que na época gerou diversos comentários negativos, mas depois se tornou um marco aclamado pela história da Moda.

Outro designer que se dedicou ao cor-de-rosa foi Pierpaolo Piccioli, atual diretor criativo da grife italiana Valentino. A maison já possuía o Vermelho Valentino como cor própria, e em 2022, Pierpaolo foi responsável por trazer uma nova tonalidade à marca, o Valentino Pink PP. A nova cor virou uma febre entre os amantes da Valentino e ajudou a grife a conquistar a nova geração com uma cor mais moderna e jovem.

 

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Muito além da Barbie ou de qualquer símbolo que o defina, o cor-de-rosa não é apenas uma cor. Entre tantos rótulos e polêmicas, com seus altos e baixos, ele agora retorna, novamente, como o queridinho do momento. E verdade seja dita: não importa a tonalidade ou aplicação, o rosa terá sempre um espaço em nossos corações.

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